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#08 | 02 de Julho 2007
         
 



José Mateus
“O último concurso público de arquitectura promovido pela CML ocorreu no início dos anos 90”

 

Que mais-valias para o debate público pode trazer o desafio lançado a arquitectos e pensadores para desenharem soluções mais ou menos utópicas para os “Vazios Urbanos” de Lisboa?
Na realidade não se pediu aos arquitectos para desenharem propostas mais ou menos utópicas. Foi deixado ao critério dos arquitectos os seus projectos estarem mais ou menos próximos de soluções possíveis de pôr em prática. A principal mais-valia tem a ver com o facto destes arquitectos não estarem a produzir estes estudos de forma comprometida como estariam se tivessem sido contratados por entidades que beneficiariam financeiramente com o produto desse estudo. Os estudos produzidos não estão distorcidos por uma lógica em que o lucro financeiro é um objectivo primordial.

De que instrumentos dispõe a sociedade civil como contrapoder à especulação imobiliária?
Os Plano de pormenor e PDMs são normalmente sujeitos ao escrutínio da população, e, nesse momento, o cidadão pode manifestar-se. Infelizmente, estes momentos de exposição dos planos são por vezes mal divulgados.

Como é que acha que o cidadão com opções cada vez mais folclóricas de espaço, essencialmente incutidas pelos media, percepciona a arquitectura contemporânea?
Isso é difícil de avaliar, embora por vezes me pareça que o faz de maneira superficial, baseada na percepção de imagens sem entender o seu significado ou os conceitos que lhe possam estar subjacentes. Há também o problema de que actualmente as pessoas são “bombardeadas” com imagens sem que estas sejam descodificadas. As pessoas assistem a uma realidade muito fragmentada, que dificilmente entendem. Nem mesmo a maioria dos arquitectos entende.

Qual o papel da Trienal de Arquitectura de Lisboa, com o seu público ligado directa ou indirectamente à arquitectura, na sensibilização para estas questões?
A Trienal apresenta estudos para problemas e espaços da cidade de Lisboa que as pessoas conhecem. Porventura, ajudará a que as pessoas tenham uma consciência maior do potencial da arquitectura, e da multiplicidade de hipóteses que existem para transformar um dado contexto.

Qual é a dimensão educacional do espaço público?
O espaço público é por natureza o reflexo do estado cultural de uma cidade ou de um país. A forma como o tratamos, ou não tratamos fala sobre nós e produz sentimentos de pertença à comunidade. Se esses espaços forem tratados num sentido positivo, com qualidade e sofisticação, a própria comunidade tenderá a respeitar mais esses espaços e a sentir motivação para respeitar os valores cívicos.

Quais são as suas expectativas para a Lisboa do século XXI?
Sob pena de parecer um chorrilho de lugares comuns, que finalmente passem a existir concursos públicos de arquitectura promovidos pela CMLisboa (o último ocorreu no início dos anos 90...); que a rede de metro se densifique de tal forma que o recurso sistemático ao automóvel deixe de fazer sentido; que os promotores imobiliários continuem a aumentar o grau de exigência relativamente aos projectistas que contratam; que a cidade cresça mais para a margem sul com a qual tem uma “plataforma” de ligações de uma grande beleza (estuário do Tejo); etc...

Não considera os “Vazios Urbanos”, tais como são, espaços de eleição para uma legítima distopia?
Os Vazios Urbanos apresentam-se sob formas tão diversas, e por vezes estratégicas, que os torna, sem dúvida, espaços privilegiados para reflectirmos sobre a nossa civilização.

Biografia
Comissário-Geral da Trienal de Arquitectura de Lisboa
Arquitecto pela FAUTL
Vice-presidente do Conselho Directivo da Ordem dos Arquitectos Secção Regional do Sul

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