Interpretando o futuro, que
case study se poderia fazer de Portugal daqui
a 10 anos?
O mundo global desenvolve-se cada vez mais em torno
dum triângulo de especialização,
combinando inovação pura, outsourcing
de serviços e produção offshore
e produção e serviços de proximidade
altamente qualificados. Daqui a dez anos Portugal alojará
exemplos dos três vértices de especialização,
mas poderá ser sobretudo um case study
de produção e prestação
de serviços altamente qualificados.
Como se concretiza a actual necessidade de
recombinação permanente como chave da
gestão?
Inovar não é inventar mas antes recombinar.
O futuro não é uma projecção
linear do passado, pelo que a gestão é
um exercício de adaptação, controlo
e exploração permanente das dinâmicas
de mudança.
Qual a importância da visão e
do carácter da liderança para a viabilização
do negócio em Portugal?
Os portugueses são por natureza flexíveis
e criativos. Mas a flexibilidade e a criatividade só
se transformam em vantagens consolidadas se forem aplicadas
em torno de narrativas fortes. É por isso que
a liderança e a visão são condimentos
determinantes para o sucesso dos negócios em
Portugal.
Os sistemas de informação têm
evoluído mais depressa do que as mentalidades?
As mentalidades são uma aquisição
cultural de ciclo longo. O que se pode mudar em ciclo
curto são as atitudes. Em Portugal, muitas atitudes
não têm acompanhado as dinamicas de mudança
induzidas pelos sistemas de inovação.
Mas esta é uma situação que está
a mudar.
O management português é
crioulo?
É o resultado duma cultura aberta, tolerante
e mesclada de experiências diversas. Nesse sentido,
tem muito de crioulo, e esse facto é uma vantagem
e não uma limitação.
Biografia
Doutorado em Gestão
de Informação
Professor Catedrático do Departamento de Gestão
de Empresas da Universidade de Évora.
Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa
e do Plano Tecnológico
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