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#16 | 15 de Fevereiro 2008
 
     
 



Nelson Santos António
“Necessitamos de uma filosofia de gestão que saiba lidar com o outro e sobretudo com a incerteza”

 

O que distingue a estratégia organizacional das outras disciplinas da ciência da gestão?
A estratégia distingue-se pelo seu carácter holístico. A estratégia pensa a organização como um todo na sua relacionação com o meio envolvente, numa perspectiva de longo prazo. Contudo na década de 90 do século passado assistimos a um virar da atenção do exterior para o interior. isto é, os recursos e nomeadamente os recursos humanos passaram a ser o centro de atenção do pensamento estratégico. Em suma, as principais características da estratégia são: a abordagem holística da organização, a relação da organização com o meio envolevente e a perspectiva de longo prazo.

Qual a importância da "futuridade das decisões e a necessidade de termos um propósito"?
A estratégia é por definição futuro e de longo prazo, como anteriormente referi. O propósito desde que discutido e comunicado aos colaboradores da organização ajuda a alinhar interesses. Não basta definir um propósito, este deve nascer de dentro para fora (de uma discussão entre os que trabalham na organização) e deve ser comunicado aos que entram.

Qual a razão do sucesso das economias asiáticas?
Explicar o sucesso das economias asiáticas por uma razão é simplificar um assunto demasiado complexo. Que economias? O Japão? A China? A Coreia do Sul? A India? Se pensarmos no Japão, que em certo sentido serve de modelo às outras economias, o seu sucesso baseia-se muito no aproveitamento das capacidades dos recursos humanos. O Japão apostou na formação e educação dos seus habitantes e criou sistemas que permitem a sua participação no processo de tomada de decisões a nível das empresas. Os livros da escola primária, no Japão informam os alunos que o Japão é um país muito pobre, sem recursos naturais e a sobrevivência do Japão enquanto país depende dos seus habitantes, apela ao trabalho e à cooperação. O modelo japonês baseia-se muito na cooperação: cooperação entre empresas, entre empresas e o governo, entre sindicatos e patronato.  Se pensarmos nas economias asiáticas no seu todo uma das características mais salientes é o papel desempenhado pelo Estado e pelas redes.

Em que medida os factores demográficos e sanitários poderão precipitar o papel de África no Mundo?
O futuro da África depende muito dos africanos. É uma verdade de La Palisse, mas devemos insistir nela. As potências económicas redescobriram a África e a pressão sobre as sua elites irá intensificar-se. Para ter sucesso os africanos necessitam de saber o que querem. O desenvolvimento deve ser construído de dentro para fora e não de fora para dentro. Penso que os africanos podem aprender com os sucessos e insucessos da Ásia, nomeadamente da China.

Sendo a estratégia futuro, como explica que a sua avaliação seja feita com base em indicadores do passado?
Trata-se de uma velha questão que o autores do Balanced ScoreCard pretenderam responder, na minha opinião com pouco sucesso. A questão é outra. Nos tempos que correm, prever é cada vez mais difícil e, como para muita boa gente, gerir é prever, logo estamos perante uma impossibilidade de gerir. Esta impossibilidade de prever cria um certo desconforto em muitos gestores, pois obriga a uma forma de gerir. Obriga a saber lidar com a mudança e a incerteza. A navegação passa a ser à vista e exige sobretudo uma boa gestão dos recursos humanos.

Tendo os activos intangíveis cada vez maior peso na evolução das organizações, como se explica que os mesmos não apareçam em termos de objectivos estratégicos?
Devido à dificuldade em medir. Os gestores sentem-se confortáveis com os números, o que não pode ser medido não pode ser gerido e muita boa gente afirma que o que não pode ser medido não passa de ciências ocultas e se mantiverem esta postura para estas pessoas a gestão vai transformar-se numa ciência oculta. Necessitamos de uma nova filosofia de gestão, uma filosofia que saiba lidar com o outro e sobretudo com a incerteza, pois esta constitui nos dias que correm a única certeza.

Biografia
Doutor em Gestão (Bergische Universitat Wuppertal, Alemanha)
Prof. Catedrático do ISCTE
Presidente do Departamento de Gestão do ISCTE
Director do MBA/Mestrado em Gestão de Empresas do ISCTE
Linhas de investigação: Estratégia Empresarial, Gestão da Qualidade, Culturas Asiáticas de Gestão

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