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#15 | 25 de Janeiro 2008
 
     
 



João Urbano
“Com excesso de bagagem deixamos de nos poder mover”

 

Quais os futuros alvos da Cultura Ocidental, decorrentes da nossa matriz expansionista e voraz?
Pelo que me é dado a observar a Cultura Ocidental é que tem sido o alvo predilecto de toda uma nova versão, bem moderna, da Fatha.

Qual o desenlace da história da sociedade de consumo, nomeadamente com a entrada no jogo da China e da Índia?
Com  a entrada da China e da India no mercado global não se dá um desenlace mas um enlace. Trazendo para o mundo capitalista duas novas futuras grandes potências de consumidores e consequentemente militares e que tornam o mundo mais multipolar. Quando todos os mercados forem conquistados, mesmo África, e existir uma classe media Mundial então começará o envelhecimento global da população, que a classe media é parcimoniosa na questão da descendência. Mas como temos as biotecnologias em desabrido galope, talvez apareçam novas indústrias incubadoras de seres humanos. Repare-se na China e como dentro de meio século no máximo terá um gravíssimo problemas de envelhecimento populacional e de uma enorme carência de jovens e sabemos como o capitalismo é sedento de sangue novo. Não fazemos ideia do que será depois do capitalismo ou sequer se haverá um depois.

Ao nível das percepções, quais as revoluções que a Cultura Visual anuncia?
Que os simulacros nos substituirão, a nós e a tudo o que nos rodeia. Será o cumprir-se da metafísica, a consumação do virtual. E claro, também esta será uma revolução que, como todas as revoluções, falhará.

Ao nível da busca da felicidade, que Eldorados à venda a evitar?
Eles têm estado à venda há muito tempo em múltiplas versões, os clientes é que se sentem sempre defraudados ou insatisfeitos, querem sempre mais.

Como será dentro de 20 anos?
Numa escala cósmica dentro de 20 anos estará praticamente tudo na mesma como a lesma. Numa escala planetária não será tão cedo que colonizaremos Marte ou que extrairemos minerais de um qualquer planeta. E mesmo o holocausto ecológico talvez tenha tanto de profético como o Holocausto de João de Patmos. Numa escala familiar logo mais saberemos. Andamos depressa, mas essa pressa não deixa de ser vagarosa.

Se as previsões são falíveis e os acontecimentos inesperados, porquê especular sobre o Futuro?
Porque o futuro dá-nos a ilusão de obter, de conquistar, de chegar lá, onde nunca chegaremos. Tem a haver também com coisas do nosso passado e com uma ferramenta que apareceu primeiro com os Hebreus e depois foi desenvolvida pelos Gregos: a escrita alfabética. Não foi por acaso que aí aparece a linearidade do tempo, a História e a teleologia em vez do eterno-retorno. Seria uma longa digressão.

Como é que a tecnociência está a influenciar a consciência humana?
Como todas as tecnologias do passado, do fogo à máquina a vapor o fizeram. Somos animais protéticos.

O que é a sociedade do conhecimento sem bagagem?
Com muita bagagem mas compactada, portátil, miniaturizada. Sem bagagem não existe nem sociedade do conhecimento nem futuro. Com excesso de bagagem deixamos de nos poder mover.

O aquecimento global é uma novela?
Sim, também tem muitos elementos ficcionais, é uma das narrativas do nosso tempo, em substituição de outras como o foram as mitico religiosas ou as historicistas.

Quais as maleitas mais injustificadamente atribuídas aos Portugueses?
Na realidade somos um país hipocondríaco , neurótico, e dado a uma bipolaridade  tonta, pelo que estamos cheios de fantasmas e como é do senso comum os fantasmas atormentam, condicionam e não é fácil livrarmo-nos deles.

Biografia
Editor da Revista NADA e autor de "Políbio no Jardim Metafísico"(Edições Mortas, 2003).

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