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#88 | 11 Junho 2007
   
         
 



Inês Gonçalves
“A existência de coágulos poderá impedir o dispositivo médico de cumprir a sua função correctamente”

 

Que problemas levanta o contacto do sangue com dispositivos médicos?
Quando um dispositivo médico (biomaterial) contacta com o sangue, o primeiro evento que ocorre é a adsorção de proteínas do sangue à superfície do material. Dependendo do tipo de proteínas que adsorve, pode ou não haver posterior activação, adesão e agregação das plaquetas do sangue e formação de um coágulo. A existência de coágulos poderá impedir o dispositivo médico de cumprir a sua função correctamente.

Como pode ser produzido um biomaterial que evite a coagulação do sangue?
No Instituto de Engenharia Biomédica – INEB uma das estratégias que estamos a utilizar é tornar a superfície dos dispositivos médicos selectiva para uma proteína do sangue, a albumina. Para isso estamos a revestir a superfície dos biomateriais com ligandos específicos para albumina que vão “atrair” esta proteína da corrente sanguínea.

Qual a acção da albumina?
A albumina tem um efeito “passivante”, ou seja, não activa nem adere às plaquetas do sangue. Se a albumina estiver na superfície do biomaterial, outras proteínas que activam as plaquetas, como por exemplo o fibrinogénio, não se vão ligar à superfície e por isso vai haver uma diminuição da formação de coágulos.

O que são monocamadas auto-estruturadas?
As monocamadas auto-estruturadas são superfícies modelo que utilizamos para estudar a interacção da superfície com as proteínas à escala molecular. A sua preparação consiste em revestir uma placa de ouro com uma única camada de compostos com determinados grupos que queremos expor na superfície. Uma vez que são superfícies extremamente organizadas e homogéneas, é mais simples estudar a interacção entre o ligando que imobilizamos e as proteínas do sangue. O objectivo é determinar nestas monocamadas auto-estruturadas qual a concentração ideal de ligandos necessária para ligar a albumina de uma forma selectiva e reversível. Numa fase posterior é então possível usar o conhecimento adquirido com as superfícies modelo para fazer o mesmo em polímeros que poderão ser utilizados na produção de dispositivos médicos para contacto com o sangue.

Aonde entra a nanotecnologia no seu trabalho?
Para além das monocamadas auto-estruturadas formadas na superfície da placa de ouro terem uma espessura da ordem dos 2 nm, a interface entre estas superfícies, os ligandos e as proteínas ocorre à escala molecular. Para conseguir detectar moléculas tão pequenas é necessário recorrer a equipamentos e tecnologias que nos permitem operar ao nível dos nanómetros (a bilionésima parte do metro) ou mesmo dos angstroms (aproximadamente o diâmetro de um átomo).

Biografia
Investigadora do Instituto de Engenharia Biomédica (INEB), está a desenvolver a sua tese de doutoramento na construção de superfícies nanoestruturadas para adsorção selectiva e reversível de albumina, de forma a reduzir o risco de formação de coágulos em biomateriais para contacto com sangue.
Publicou na revista Biomaterials, juntamente com Cristina Martins e Mário Barbosa, do INEB, e Buddy Ratner, da Universidade de Washington, um artigo que lhe valeu o prémio Pulido Valente Ciência 2006. Trata-se de um prémio que pretende distinguir o melhor trabalho de investigação publicado por um investigador com idade igual ou inferior a 35 anos na área da Física e Engenharia - Aplicações ao Estudo da Doença e Prática Médica.

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