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# 79 | 29 Janeiro 07
 

Licenciou-se em Engenharia Electrotécnica e de Computadores pelo Instituto Superior Técnico, em 1986, e doutorou-se em Electrical Engineering and Computer Science, pela Universidade da California em Berkeley, em 1994. Desde então, é professor no Instituto Superior Técnico, e investigador do INESC e
INESC-ID.

Presentemente, é professor catedrático e presidente do Departamento de Engenharia Informática do Instituto Superior Técnico, e presidente da direcção do INESC-ID, um instituto de investigação do grupo INESC que é um laboratório associado na área da electrónica, informática e telecomunicações.

Publicou um artigo, juntamente com Sara Madeira, docente da Universidade da Beira Interior (UBI), considerado de grande impacto científico pelo Instituto para a Informação Científica (ISI), norte-americano.
Este trabalho na área da biologia computacional avalia a forma de tratar os dados obtidos a partir de chips de ADN.
Publicado em 2004, na revista Transaction on Computacional Biology and Bioinformatics, o artigo Biclustering Algorithms for Biological Data Analysis: A Survey já foi citado inúmeras vezes e apareceu na lista de hot papers de Novembro, no ISI.

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Arlindo Oliveira
“A sequenciação do genoma irá revolucionar totalmente a sociedade.”

Que algoritmos devem ser usados para analisar os dados de expressão genética relativos a um problema biológico?
Muitas doenças e condições são causadas por determinados processos biológicos geneticamente controlados. A tecnologia de micro-arrays permite medir os níveis de expressão de milhares de genes simultaneamente, em alguns casos todos os genes de um organismo.
É comum utilizar algoritmos de agrupamento para identificar grupos de genes que se exprimem de forma semelhante, e assim identificar que genes estão envolvidos num determinado processo biológico.
Este representa o primeiro passo para a compreensão do mecanismo biológico subjacente. No entanto, os algoritmos de biclustering permitem identificar processos biológicos de uma forma potencialmente mais precisa, uma vez que os métodos de agrupamento nem sempre permitem obter informação suficientemente detalhada, dado que olham apenas para o padrão global.

Como é que um algoritmo identifica um padrão de expressão genético?
Os métodos de biclustering (como os de agrupamento, ou clustering) identificam grupos de genes co-expressos, em determinadas condições, e identificam assim quais os genes que estão envolvidos em determinadas respostas dos organismos. Estes genes podem posteriormente ser estudados, tanto em termos das suas sequências, como em termos das suas respostas às condições de interesse.

Qual a aplicação prática da sua investigação?
A investigação do nosso grupo enquadra-se de forma clara numa área designada como Biologia de Sistemas. A Biologia de Sistemas tem como objectivo desenvolver modelos que permitam estudar as células e organismos como sistemas, tal como agora são estudados e projectados os sistemas electrónicos. Para tal, é necessário perceber os complexos mecanismos de regulação das redes genéticas (para além de outras), e, para tal, dispor de métodos que permitam analisar os dados de expressão genética.
A Biologia de Sistemas permitirá obter avanços significativos em muitas áreas, entre as quais a medicina, a biotecnologia e o ambiente. Em todas estas áreas, a capacidade para perceber as respostas de células e organismos é fundamental para que possam ser desenvolvidos novos tratamentos e tecnologias.

O que é o biclustering?
Os métodos de biclustering permitem identificar de forma mais precisa do que anteriormente grupos de genes que estão associados a um determinado fenómeno. Podem ser descritos de forma muito simplificada como métodos que determinam semelhanças entre padrões tendo em atenção apenas um subconjunto das características, e não a totalidade das características. Também são, por esta razão, designados por sub-space clustering.

A sequenciação do genoma representa o princípio de quê?
A sequenciação do genoma representou o princípio de um processo que irá inevitavelmente culminar numa capacidade para compreender, modelar, projectar e sintetizar organismos vivos de uma forma comparável àquela com que agora compreendemos e criamos sistemas electrónicos.
Embora se trate de um processo complexo e inevitavelmente longo, irá revolucionar totalmente a medicina, a biologia e a biotecnologia, e, por inerência, a sociedade.
Como qualquer tecnologia nascente, não penso que seja possível prever com um mínimo de exactidão a direcção que tomará, nem o impacto que terá, mas atrevo-me a vaticinar que terá provavelmente um impacto comparável ao que as tecnologias de informação e comunicação tiveram nos últimos 30 anos.

 

 

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Editor
António Coxito
Produção
Ricardo Melo
Design
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