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# 78 | 22 Janeiro 07
 

Professora residente de Electrónica Básica de Telecomunicações da Universidade Politécnica de Madrid.

As alterações climáticas afectam o nosso planeta e, enquanto isso, as empresas de construção espanholas devoram a paisagem com numerosos edifícios. Perante este panorama, alguns projectos chamam especial a atenção como os dos professores da Universidade Politécnica de Madrid Asunción Santamaria e Sergio Vega, que em 2005 conseguiram colocar a vivenda bioclimática inteligente dentro do prestigiado certame internacional “Solar Decathlon” dos Estados Unidos.
Na altura transpuseram barreiras; confeccionaram o primeiro projecto de uma universidade estrangeira que conseguiu passar à fase final do concurso. Obtiveram um honroso nono lugar. Os argumentos: poupar energia, utilizar painéis solares e que a casa faça uma auto-gestão absorvendo os costumes do seu utilizador. A aposta é, agora, ainda mais forte, conseguir o pódio na edição de 2007, pelo que reclamam o apoio de todos, “desde empresas até administrações”.

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Asunción Santamaría
“A casa aprende com os seus moradores.”

O projecto que dirige foi seleccionado pela segunda edição consecutiva para o certame internacional Solar Decathlon. Qual é a chave para este êxito?
Na edição de 2005 inscrevemo-nos, e das 20 universidades seleccionadas para este ano apenas 10 repetiram em 2007. A chave está no facto que a nossa proposta agradou a muitas pessoas. Conseguimos um nono lugar, uma classificação pior da que esperávamos pela diferença das perspectivas entre a cultura americana e a nossa proposta. Para a edição 2007 queremos seguir uma linha de continuação em relação ao que já apresentámos em 2005 com novas tecnologias.

As casas com tecnologias domóticas encontravam até agora uma barreira importante: necessitavam de uma grande interacção com o utilizador. Que novidade traz este projecto?
O uso da domótica requeria até agora a intervenção do utilizador, o que produzia uma ampla rejeição por parte das pessoas, porque muitas não sabem nem sequer programar o vídeo para gravar um filme. Programar uma casa é muito mais complicado. Portanto, o nosso plano é criar sistemas que aprendam os hábitos das pessoas e que se auto-programem para gerir a casa. Claro que o utilizador pode, se quiser, aceder ao sistema de uma forma manual. Se, por exemplo, souber que existem crianças em casa, gravará os filmes de desenhos animados do Cartoon Networks. A casa aprende com os seus moradores.

A maioria dos promotores considera que não existe grande procura de casas bioclimáticas. Que pensa sobre isso?
Neste momento os promotores não precisam de dar nenhum valor acrescentado às casas para vendê-las e, contudo, as pessoas estão cada vez mais preocupadas com a crise energética, o que está a provocar o aparecimento no mercado de casas bioclimáticas e de arquitectura sustentada. Uma das formas de paliar a crise do petróleo é controlando o consumo por duas vias: mediante uma arquitectura sustentada e dotando as casas de um sistema de gestão energético que permita optimizar o consumo.

Entre os dispositivos de poupança de energia que propõem estão os LEDs (diodos emissores de luz). Que vantagens e inconvenientes têm em relação às lâmpadas?
Dentro de 10 anos os LEDs estarão no grande mercado. Actualmente, já se utilizam nos painéis de sinalização das auto-estradas e nalguns semáforos. Desenvolveu-se suficientemente a tecnologia para que possam iluminar. A principal vantagem face a um sistema de iluminação convencional, como o halogéneo, um tubo fluorescente ou uma lâmpada, é que o LED é praticamente eterno, podendo durar toda uma vida.
Além disso, o consumo é muito menor e o rendimento em relação ao que se gasta e à iluminação que se consegue é muito melhor com um LED do que com uma lâmpada. Até agora não conseguiram uma grande penetração no mercado espanhol por interesse das companhias que fabricam os dispositivos convencionais, mas nos Estados Unidos já se comercializam a grande escala, porque são muito baratos. Têm melhor rendimento que uma lâmpada ou um halogéneo, ainda que até agora não tenham o mesmo rendimento das lâmpadas fluorescentes. Isto acontece porque é uma tecnologia que ainda não alcançou o seu máximo desenvolvimento. Dentro de 5 ou 10 anos estaremos a falar provavelmente de um rendimento 50% melhor do que agora.

No projecto da casa bioclimática encontram-se os sistemas de controlo de acesso ao lar e comandos de voz. Em que consistem?
Os comandos de voz permitem a interacção entre o sistema domótico da casa e os seus moradores. Por exemplo, podes ditar à tua casa a lista de compras. Os lares bioclimáticos inteligentes são muito úteis para pessoas idosas e que sofrem de incapacidade porque o interface do utilizador é mais simples. Se um idoso estiver sozinho e sentir-se mal pode dizer ao sistema “chama um medico” e este aparece na televisão, podendo entrar em conversação.
O controlo de acesso refere-se a sistemas de vídeovigilância. Pode detectar intrusos em casa ou monitorizar também a localização de cada paciente num hospital. Nós trabalhamos em dispositivos para ambientes de alta segurança por identificação de parâmetros biométricos, como a íris dos olhos, para detectar pessoas.

Acredita que as casas do futuro incorporarão alguns dispositivos que utilizam ou isso é “ficção científica”?
Acredito que sim. Especialmente os que estão relacionados com o sistema de controlo energético. A médio prazo existirá uma procura de construções sustentáveis com sistemas arquitectónicos bioclimáticos que reduzam o consumo energético.

Por último, todos estes avanços, trazidos para a nossa vida quotidiana, em que medida nos afectam num plano imediato?
Por exemplo, a implantação de sistemas de iluminação de LEDs é imparável. Dentro de 5 ou 10 anos desaparecerão as luzes fluorescentes e as lâmpadas. Em relação aos outros sistemas de controlo energético acredito que em dez anos começarão a funcionar.

entrevista de Javier Fernaud Quintana

 

 

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Editor
António Coxito
Produção
Ricardo Melo
Design
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