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# 61 | 25 Setembro 06
 

Nasceu em Moçambique, onde iniciou o seus estudos universitários. Teve aí como professores uma geração de académicos que mudou a Universidade em Portugal nas últimas décadas, veio terminar a Lic. Engª Electrotécnica em Coimbra com 18 valores, e doutorou-se no UMIST (Manchester, UK) em 1982. O seu percurso como docente universitário foi quase integralmente feito na Universidade do Minho (UM), após uma curta passagem pela Universidade do Porto. É actualmente professor catedrático na UM, instituição onde lecciona e investiga em Engª da Computação (em computação paralela e distribuída). Desempenhou/desempenha na UM vários cargos de direcção (departamento, centro de I&D, curso de licenciatura), e tem liderado projectos nacionais e internacionais, quer pedagógicos (e.g., ERASMUS, desde 1989), de inovação científica (e.g., InterReg II, com o projecto GEIRA), de infra-estruturas de I&D (cluster computacional SEARCH) e vários de I&D pura e aplicada.

Recebeu, juntamente com o colega Prof. Jorge Rocha, o prémio IBM Shared University Research (SUR) 2005 com o projecto “Plataforma Nacional para Integração de Serviços Geo-Referenciados na Gestão de Fogos Florestais em Tempo-Real”.

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Alberto Proença
“A questão da detecção, vigilância e combate aos fogos florestais é um problema que aflige todo o planeta.”

Que dados disponibiliza a “Plataforma Nacional para Integração de Serviços Geo-Referenciados na Gestão de Fogos Florestais em Tempo-Real”?
O projecto que agora foi alvo deste evento mediático - o da entrega simbólica do prémio internacional “IBM Shared University Research (SUR) 2005”, nas instalações da Universidade do Minho - foi o resultado de uma proposta apresentada em 2005 que tinha como principal objectivo contribuir para o desenvolvimento de uma plataforma de computação que permitisse, a nível nacional e em cada um dos distritos operacionais, apoiar o sistema de decisão dos comandos operacionais no combate aos incêndios florestais. A questão da detecção, vigilância e combate aos fogos florestais é um problema que aflige todo o planeta, e para o qual as tecnologias de informação e de comunicação têm vindo a contribuir significativamente para o aumento da rapidez e eficácia das equipas envolvidas nestas operações de socorro.
A massificação actual da utilização de imagens de satélite, do infra-vermelho ao espectro visível, complementadas com um rico leque de camadas adicionais de informação geo-referenciada, são uma das partes mais visíveis das potencialidades que estas tecnologias colocam à disposição da comunidade. No caso concreto da protecção das florestas, a informação adicional pertinente, de carácter mais estático, inclui não apenas as características topológicas dos terrenos e a rede viária (e de caminhos florestais), como ainda a ocupação dos solos (com indicação das características dos cobertos vegetais, sua manutenção e a ocorrência de acidentes no passado), e a localização de núcleos populacionais e de pontos de acesso a água. Mas numa situação de emergência, é crucial a integração destes dados com o acesso instantâneo a outros geo-referenciados mas que variam mais dinamicamente: os dados de sensores meteorológicos, como temperatura, vento e humidade, ou ainda a localização precisa da área afectada por um dado incêndio e dos meios de combate ao fogo, quer as viaturas terrestres, quer o apoio aéreo. Adicionalmente, é pertinente estimar a evolução/propagação do incêndio face a este conjunto de dados, através duma modelação e simulação fiável e credível dos fogos florestais. Só esta tarefa exige recursos computacionais intensivos, e existe já trabalho a nível nacional e internacional na área da exploração da computação paralela em clusters de computação (com características semelhantes ao do prémio da IBM), na execução de algumas destas simulações.
Podemos então afirmar que a tecnologia que hoje existe permite já a obtenção quase instantânea de todos os dados indispensáveis a um comando operacional para o pleno exercício das suas funções. Então onde reside a inovação neste projecto? Na maneira de obter os dados...

Como é que esses dados podem ser acedidos pelos comandos operacionais?
Diversos Ministérios, Direcções Gerais, Institutos e Universidades em Portugal são os detentores destes dados e dos meios de os processar. Mas em cada um destes organismos são utilizadas aplicações informáticas, propriedade de consórcios internacionais, cuja representação da informação não segue normas internacionais que possibilitem a re-utilização dessa informação por outra plataforma computacional que não seja a disponibilizada por esse fabricante ou consórcio. Para não falarmos das questões de propriedade da informação e do sigilo na sua divulgação, que poderá dificultar o acesso à informação se os intervenientes não sentirem que fazem parte de um projecto integrador de maior alcance. Assumindo que conseguimos ultrapassar estes entraves, os desafios da parte tecnológica são os que nos levaram a propôr este projecto.
Faz parte do projecto fazer o levantamento e caracterizar toda a informação que necessita de ser transmitida entre aplicações, e garantir que (i) a informação utiliza formatos normalizados de representação, que (ii) as aplicações, que na maioria dos casos foram desenvolvidas com o objectivo de poderem ser acedidas e consultadas por pessoas através da Web, possam também comunicar com outras aplicações a transmitir-lhes o mesmo tipo de informação, e que (iii) existem as condições para a execução das aplicações de maneira integrada e coerente em ambiente de computação em Grid.
Se conseguirmos cumprir estas exigências, então é possível desenvolver uma aplicação que faça a integração em tempo-real de todos estes dados e os apresente, como serviço Web, aos comandos operacionais.
Uma das situações ainda crítica reside na informação geo-referenciada e na sua utilização em ambientes partilhados. E é aí que surge o OGC.

Quais as funções do OGC (Open Geospatial Consortium)?
O OGC tem como objectivo promover o acesso aberto/livre à informação geográfica que tenha sido capturada e inserida em bases de dados, por fornecedores de serviços ou utilizadores finais, na maioria dos casos em formatos proprietários. O OGC desenvolve formatos e protocolos para a troca normalizada de dados, de modo a suportar o intercâmbio eficaz entre conjuntos de aplicações/serviços que dependem de informação geográfica. Num ambiente aberto, os serviços críticos deverão poder ser criados com tempos de desenvolvimento curtos e baseados na partilha de recursos. O comando de operações de socorro no combate a incêndios florestais é um exemplo típico de um serviço Web crítico, que poderá tirar partido deste esforço do OGC.
O meu colega neste projecto, o Prof. Jorge Rocha, representa Portugal no OGC, e uma das suas funções é o desenvolvimento de experiências de inter-operabilidade semântica, para teste de plataformas abertas no estudo de casos. Tencionamos desenvolver estes testes para o combate aos incêndios.

Quais as vantagens do JAVA e da plataforma Eclipse no desenvolvimento do vosso projecto?
Um dos aspectos críticos do sucesso deste tipo de projecto é a disponibilidade do seu interface em qualquer plataforma, o que sugere de imediato a utilização de Java como linguagem de excelência para essa função. Mas por outro lado, quando se torna necessário desenvolver certos componentes ou módulos de software, com objectivos distintos - robustez com recurso a formalismos matemáticos, ou eficiência em termos de execução - as abordagens mais formais das linguagens funcionais ou a maior eficiência de linguagens não interpretadas podem ser opções mais sensatas. Assim, a selecção de uma plataforma integrada de desenvolvimento de aplicações (IDE) deve tomar em consideração vários factores que incluem, entre outros, o ser livre e suportar múltiplos sistemas operativos e múltiplas linguagens, e o ter um historial positivo e com sucesso. E a plataforma Eclipse, surgida na sequência da família de ferramentas VisualAge da IBM (e ainda apoiada pela IBM) é um produto de referência e de excelência que cumpre estes requisitos e que faz com que a adoptemos no desenvolvimento do projecto. Tanto mais que já a usamos nas aulas que leccionamos...

Anteriores entrevistas:
Tito Trindade
Irene Fonseca
Norberto Pires
Freitas-Magalhães
Valentí Massana

 
Editor
António Coxito
Produção
Ricardo Melo
Design
Luís Silva
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