CASO NÃO CONSIGA VISUALIZAR CORRECTAMENTE ESTA NEWSLETTER CLIQUE AQUI
 
# 60 | 18 Setembro 06
 

Nasceu a 5 de Julho de 1970 em Viladecans (Barcelona). Licenciou-se em Ciências Físicas na Universidade Autónoma de Barcelona (UAB) em 1999 e actualmente está a terminar a sua tese de doutoramento sobre as medidas e caracterização dos dipolos de Sincroton. Recebeu o Prémio Jordi Porta i Jué da Sociedade Catalã de Física pela melhor tese em Física do ano 2005 e desde Setembro de 2004 trabalha no Sincroton Alba de Cerdañola del Vallés, a única instalação cientifica destas características existente em Espanha.

Contudo, Valentí Massana não é conhecido pelos seus feitos científicos, mas sim por ter sido um dos melhores atletas espanhóis dos anos 90, período no qual obteve a medalha de bronze nos 50 km marcha nos Jogos Olímpicos de Atlanta 96, ouro nos 20 km marcha nos Mundiais de Estugarda 93 e prata nos 20 km marcha em Gotemburgo 95.

email
site

Valentí Massana
“Não existe nenhum tipo de trabalho no mundo que te possa oferecer a satisfação e as experiências que o desporto de elite dá.”

O que é um Sincroton?
São um tipo de instalações, várias no mundo, construídas com a finalidade de produzir um tipo de luz muito especial, que permite ver coisas que não são perceptíveis à luz natural, como o interior das coisas ou da estrutura das proteínas. É como um microscópio muito grande formado por um anel de imagens. É uma fábrica de luz que serve para ver coisas muito pequenas, a nível atómico.

Que tipo de informação se obtém com um Sincroton?
Serve para conhecer como se orientam os domínios magnéticos dentro de um material a nível interno, como se desenvolve uma proteína e ver todas as suas fases de fabricação; também serve para obter informação molecular sobre grandes estruturas biológicas, estudar o desenvolvimento das contracturas musculares, etc.

Que tarefas desenvolve no Sincroton?
Sou técnico de medidas magnéticas e encarrego-me de medir a força dos ímanes. Outro companheiro encarrega-se depois de alinhá-los de forma conveniente para que o fluxo de luz não se perca.

É certo que este tipo de instalações são as mais modernas no mundo da Física?
Sim, e em Espanha é um dos projectos mais importantes de toda a história científica, não só pelo que se estudará aqui como também pelo volume de negócios que moverá. A instalação custará 185 milhões de euros e a sua manutenção 15 milhões anuais. Como físico é uma autêntica honra e um privilégio trabalhar em algo assim.

Sente saudades do desporto de elite?
Sim, sinto falta da competição e de estar em forma, mais nada. A vida de desportista é muito sacrificada e supõe pagar um preço social muito alto. Nos últimos anos de desportista já me custava muito levantar-me para ir treinar. Não tenho saudades do treino duro diário, apenas do ambiente de alta competição.

No seu caso, o preço social aumentaria pelo facto de estar a estudar um curso universitário?
Sim, para poder atender a todas as minhas obrigações desportivas precisei de dez anos para passar um curso de cinco. Era a única maneira de poder compatibilizar o lazer com os estudos e consegui-o porque sempre tive um professor particular. Além disso, a minha universidade tinha um programa especial para desportistas de elite. Designavam-me um tutor de prestígio para solucionar os problemas que iam surgindo ao longo do curso, como quando coincidia alguma competição com um exame. Também tenho que agradecer ao centro de Alto Rendimento que me pagou um professor particular durante todo o curso.

Se pudesse escolher, preferia um Nobel em Física ou uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos?
São coisas diferentes mas creio que no desporto os méritos são mais claros. Se cortas a meta em primeiro lugar ninguém pode duvidar da vitória. Nos prémios Nobel conjugam-se decisões subjectivas e interesses diversos. Além disso, penso que não existe nenhum trabalho no mundo que
possa dar a satisfação e as experiências que o desporto de elite oferece.

Conhece outros atletas com cursos científicos?
Não existem muitos casos. Um deles é Jonathan Edwards, que detém o recorde mundial de triplo salto e é físico; e outro é Edwin Moses, duplo campeão olímpico dos 400 metros barreiras e imbatível durante 122 provas seguidas, que é engenheiro de campos nucleares.

entrevista de Jordi Bascuñana

Anteriores entrevistas:
José Xavier
Tito Trindade
Irene Fonseca
Norberto Pires
Freitas-Magalhães

 
Editor
António Coxito
Produção
Ricardo Melo
Design
Luís Silva
Subscrições/cancelamento
Esta mensagem está de acordo com a legislação Europeia sobre o envio de mensagens comerciais: qualquer mensagem deverá estar claramente identificada com os dados do emissor e deverá proporcionar ao receptor a hipótese de ser removido da lista. Para ser removido da nossa lista, basta que nos responda a esta mensagem colocando a palavra "Remover" no assunto. (Directiva 2000/31/CE do Parlamento Europeu; Relatório A5-270/2001 do Parlamento Europeu)