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#05| 29 Agosto 05
 
Investigadora no Instituto Gulbenkian de Ciência, em Oeiras, foi galardoada pela Liga Europeia Contra o Reumatismo (EULAR) pela investigação que desenvolveu sobre a dinâmica celular e molecular na formação da artrite reumatóide.

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Maria Margarida Souto-Carneiro
“Ainda estraguei algumas bonecas à conta de operações cirúrgicas.”

Qual o papel do Instituto Gulbenkian de Ciência na concretização da sua investigação?
Desde o meu retorno a Portugal, que o Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) tem tido um papel primordial na execução do meu projecto de investigação em artrite reumatóide. A filosofia do IGC de promoção da independência científica dos seus investigadores doutorados, aliada aos excelentes meios técnicos científicos (equipamento de tecnologia de ponta, biotério e produção de animais transgénicos, vasta biblioteca científica) e presença de alguns dos melhores grupos de investigação portugueses, têm permitido executar e discutir todas as fases do meu projecto.

Estimula-a pensar nos beneficiários das suas descobertas, ou a sua motivação é essencialmente académica?
A minha principal motivação são os potenciais beneficiários dos resultados que forem alcançando nos meus estudos em artrite reumatóide. Embora, por vezes, seja aliciante dedicar-me a um tema por razões meramente académicas, penso que não posso perder de vista a necessidade de produzir resultados que possam ter uma aplicação prática. Aliás, a gravidade da doença e os efeitos devastadores económicos, sociais e psicológicos da artrite reumatóide, tornam imperiosa a necessidade de descobrir novas formas de prevenção, terapia e compreensão desta doença. Também o facto de estar a receber verbas estatais, obriga-me moralmente a tentar "devolver" aos cidadãos o investimento que estão a fazer.

Considera as cobaias danos colaterais?
Não considero que as cobaias sejam danos. As cobaias são essenciais para o avanço científico, e sem a sua utilização estaríamos ainda a anos-luz do conhecimento actual. Porém, o facto de serem seres vivos obriga-nos a respeitá-las e ponderar e avaliar ao pormenor cada experiência que envolva a sua utilização.

Quando criança brincava aos médicos?
Sim... ao ponto dos meus irmãos já não me poderem ouvir! Ainda estraguei algumas bonecas à conta de “operações cirúrgicas”.

Acredita que diferenças hormonais entre o homem e a mulher justifiquem a sua maior ou menor aptidão para a investigação científica?
De maneira nenhuma. Existem cientistas mais ou menos aptos de ambos os sexos. Tudo tem a ver com a motivação própria de cada pessoa. Às vezes poderá parecer que as mulheres na ciência não são tão aptas quanto os homens, mas isso não se prende com as diferenças hormonais, mas com os papéis sócio-culturais que são exigidos a cada um. Se as hormonas dos homens também lhes permitissem ter filhos, então facilmente haveria igual número de homens e mulheres nas posições cimeiras da ciência (e não só), uma vez que não seriam só as mulheres a verem as suas carreiras interrompidas para se dedicarem mais à família. Felizmente, a possibilidade de as mulheres terem filhos cada vez mais tarde está a permitir que elas possam evoluir profissionalmente a par dos homens.

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António Coxito
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