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# 48 | 26 Junho 06
 

Licenciado em Biologia pela Universidade de Évora em 1998.
Actual doutorando pela Universidade Nova de Lisboa (Centro de Estudos Geológicos, Departamento de Ciências da Terra).
Responsável pela Paleontologia do Museu da Lourinhã.
Especialista em dinossauros, tem-se empenhado no estudo dos dinossauros do Jurássico Superior de Portugal, tendo publicado vários artigos científicos nas revistas nacionais e internacionais da especialidade.

Colaborou no estudo e divulgação do Europasaurus holgeri, uma espécie de dinossauro anão descoberto na Alemanha.



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Octávio Mateus
“Os dinossauros extinguiram-se devido a drásticas alterações ambientais.”

O que é que torna Portugal único do ponto de vista paleontológico?
Portugal é único devido à riqueza de fósseis, sobretudo do Jurássico Superior. Destacam-se os esqueletos e pegadas de dinossauros, mas também a diversidade e características dos afloramentos geológicos que permitem uma visão abrangente de todo o paleoecossistema. Algumas localidades, como a Lourinhã e Guimarota, estão entre as mais importantes do Jurássico Superior na Europa. Durante o tempo dos dinossauros havia uma enorme bacia, a Bacia Lusitânica, que permitiu a junção de características óptimas para a vida dos dinossauros (água e vegetação), e da sua conservação (muitos esqueletos eram rapidamente enterrados num sedimento que favorecia a fossilização). Por fim, hoje afloram à superfície os sedimentos com a idade certa para encontrarmos esses esqueletos.

Como se explica a semelhança entre a fauna de dinossauros de Portugal e a da Formação Morrison na América do Norte?
Houve uma forte comunicação entre a América do Norte e Portugal até ao Jurássico Superior, o que permitiu a dispersão e partilha da fauna entre estas duas áreas. Além disso, as formações geológicas da Lourinhã e Morrison são da mesma idade geológica e tinham ecossistemas muito semelhantes: clima semi-árido, mas com vegetação rica e água doce abundante. Assim, existem géneros de dinossauros em comum entre Portugal e a Formação de Morrison, tais como o Allosaurus, Ceratosaurus, Torvosaurus e Apatosaurus.

Porque é que os fósseis de dinossauros encontrados no continente europeu são sub-valorizados em relação àqueles encontrados noutras partes do globo?
Não sei se serão sub-valorizados. Há dinossauros europeus que são tão ou mais valorizados que outros, e certamente mais que os de países pobres. Acho que a valorização tem a haver com a importância dos achados e com a possibilidade de os museus divulgarem o seu espólio. Muitos dinossauros europeus têm tido divulgação internacional. Um bom exemplo recente foi a divulgação do novo dinossauro anão, o Europasaurus, descrito por mim e por colegas alemães na revista Nature e que teve uma divulgação global.

Que vantagens lhe trouxe o estudo da biologia para as suas investigações paleontológicas?
A minha formação em biologia permitiu dedicar-me mais ao estudo dos dinossauros como restos de organismos biológicos e compreender a sua morfologia, ecologia, biologia e evolução. Tanto quanto sei, eu sou o primeiro biólogo português a fazer o doutoramento em paleontologia, área que era tradicionalmente do domínio quase exclusivo dos geólogos.

Qual a influência da sua família e do local aonde cresceu nas suas escolhas científicas?
A influência da minha família foi decisiva para as minhas escolhas e sublinharam uma vocação que me é própria. Eu tive a sorte de nascer e crescer no “ninho de dinossauros” e de ter tomado decisões relativas que julgo acertadas relativamente à minha formação e carreira. O facto de estar ligado à Lourinhã foi decisivo para que estudasse dinossauros.

Qual a sua opinião sobre o que ditou o fim dos dinossauros?
Claramente os dinossauros extinguiram-se devido a drásticas alterações ambientais. Mas a questão que todos colocamos e eu ainda não sei responder é o que causou essas alterações. A teoria do asteróide parece plausível mas ainda levanta muitas questões. Possivelmente ocorreram diferentes factores e eventos que juntos contribuíram para a extinção, mas que também estão a baralhar as pistas para uma melhor compreensão do que realmente aconteceu. Muito em breve, eu irei estudar, no terreno, esse período geológico relativo à extinção no final do Cretácico e que levou ao fim dos dinossauros não-avianos, por isso espero em breve poder ter uma opinião mais concreta.

Anteriores entrevistas:
Rui Ponte
Luís Rocha
Rogelio Alonso
Miguel Constância
Manuel Teixeira

 
Editor
António Coxito
Produção
Ricardo Melo
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