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# 33 | 13 Março 06
 

Tem 23 anos, licenciado em 2005 pelo Instituto Superior Técnico em Engenharia Civil.

Vencedor do Prémio Secil Universidades Engenharia Civil 2005 com o trabalho “Projecto de Reforço Sísmico de um Edifício Gaioleiro com Dissipadores Viscosos”.

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Miguel Branco
“A grande expansão urbana de Lisboa atraiu construtores com capacidade técnica duvidosa.”

Se houvesse um sismo em Lisboa de magnitude semelhante ao de 1755, que tipo de construções tenderia mais facilmente a ruir?
Essa pergunta é difícil de se responder com certeza, pois existem uma série de variáveis com influência directa na resposta sísmica dos edifícios, tais como o tipo do terreno, a qualidade da construção e a proximidade de edifícios mais recentes, que tornam difícil uma análise global. Assumindo igualdade de circunstâncias eu diria que os edifícios Gaioleiros, típicos do início do séc. XX que existem na zona das Avenidas Novas, Av. Almirante Reis e Campo de Ourique são a tipologia mais susceptível de sofrer os maiores danos. Estes edifícios surgiram com a grande expansão urbana de Lisboa o que atraiu construtores com capacidade técnica duvidosa e utilizando materiais de um modo geral de fraca qualidade.

Que medidas poderiam ser adoptadas para promover a resistência sísmica dos edifícios quando da sua construção?
Qualquer edifício construído actualmente é sujeito a uma concepção anti-sísmica devido a exigências regulamentares. Habitualmente procura-se reforçar os pilares e criar paredes que aguentem a força gerada durante um sismo de magnitude elevada com danos reduzidos para o edifício. Existem outras alternativas menos comuns que apenas se pondera a sua utilização em pontes ou hospitais. Nestes casos podem-se utilizar borrachas isoladoras nas fundações ou amortecedores que controlem as oscilações provocadas durante um sismo.

Em Portugal, a fiscalização das regras de construção anti-sísmica é bem orientada?
Devido a Portugal ser um país propício à ocorrência de sismos, os engenheiros civis portugueses são dotados de considerável conhecimento técnico relativamente à construção anti-sísmica, que é incutido ao longo da universidade. A fiscalização não actua directamente sobre a qualidade da construção anti-sísmica, mas penso que a maioria dos projectistas não a menosprezam.

Quão mais caro sai construir um edifício com soluções anti-sísmicas?
Como referi anteriormente existem dois tipos de soluções anti-sísmicas. As mais comuns já estão incluídas em todos os projectos sendo obrigatórias por lei. As outras soluções são de implementação mais complexa, exigem mão-de-obra especializada e conhecimentos que nem todos os engenheiros detêm, uma vez que a maioria destas tecnologias é de ponta. Assim sendo apenas se torna rentável a sua consideração para edifícios públicos e redes de transportes (como em pontes ou reservatórios) onde se tem que garantir o funcionamento pleno após a ocorrência de um sismo.

Considera exequível a recuperação de todos os edifícios Gaioleiros, com vista a conferir-lhes resistência aos sismos?
Relativamente aos edifícios Gaioleiros, não é economicamente exequível a reabilitação sísmica de todos os edifícios. Existem contudo uma série de cuidados que devem ser tomados para garantir a sua preservação até que seja economicamente viável a sua recuperação total. Deve-se ter o cuidado de reforçar as fundações quando se detectarem assentamentos, reforçar-se as paredes quando forem visíveis grandes deslocamentos ou abertura de fendas. Esta tomada de consciência já está a ocorrer em Portugal o que é extremamente importante para a segurança global da população.

Que grau de fiabilidade têm as suas simulações em computador?
A maioria da engenharia civil moderna é baseada no “método dos elementos finitos”. De um modo muito simplista este método determina a distribuição dos esforços numa estrutura, provocadas por determinadas forças, de acordo com a flexibilidade dos seus elementos. Este método já está bastante desenvolvido e apresenta um grau de fiabilidade muito elevado para análise de materiais e estruturas correntes. No meu caso estudei um material muito heterogéneo que é a alvenaria de pedra, razão pela qual procedi a ensaios ao edifício que serviu de base, para calibrar a simulação em computador. Embora esteja a trabalhar com muitas variáveis de difícil controlo, os resultados de um ponto de vista qualitativo forneceram resultados interessantes, para as três técnicas de reforço sísmico que ensaiei: reforçando-se com paredes de betão armado, com a colocação de borrachas sob as fundações e com amortecedores sísmicos (dissipadores viscosos).

Anteriores entrevistas:
Alexandre Correia
Isabel Palmeirim
J. Miguel Villas-Boas
Carlos Fiolhais
Carlos Herdeiro

 
Editor
António Coxito
Produção
Ricardo Melo
Design
Luís Silva
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