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# 32 | 6 Março 06
 

Professor Auxiliar Convidado do Departamento de Física da FCUP e Investigador do Centro de Física do Porto

Licenciou-se em Física/Matemática Aplicada (ramo Astronomia) pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Fez estudos pós-doutorais na Universidade de Stanford.

É especialista de Gravitação e Teoria de Cordas. Os seus trabalhos mais recentes versam a procura de um modelo em Teoria de Cordas que possa representar soluções cosmológicas com inflação (aceleração da expansão do Universo).

Foi contemplado no Programa de Estímulo à Investigação Científica da F. C. Gulbenkian em 2004

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Carlos Herdeiro
“Porque é que existe uma força?...”

A teoria da relatividade restrita é bonita mas não unificadora. Por outro lado, as teorias das cordas tentam unificar as físicas à custa de muitas abstracções. Quando for dado o “golpe de asa” nesta questão, acha que será inteligível pela avozinha e pela criança de três anos?
Há diferentes níveis de entendimento. A lei da gravitação Newtoniana diz que: "entre duas massas existe uma força atractiva, proporcional ao produto das massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância". Numa primeira análise percebemos que existe uma força. Numa segunda análise percebemos que é sempre atractiva. Numa terceira análise, compreendemos que cresce com as massas e decresce com a distância. Numa quarta análise percebemos que a força é conservativa e existe um potencial para a força gravítica de uma massa. Numa quinta análise percebemos que outra massa actuada por essa força tem momento angular conservado, movimento planar e as órbitas são exactamente solúveis em termos de cónicas. Numa sexta análise apercebemo-nos que existe uma simetria escondida que aumenta o grupo de simetria do problema para SO(4). Numa sétima análise compreendemos que a lei nada nos diz sobre a propagação da força gravítica e é conceptualmente inconsistente com a teoria da relatividade restrita, o que nos leva à relatividade geral. Numa oitava análise perguntamos "Porquê?"; porque é que é proporcional às massas? Porque é que é inversamente proporcional à distância? Porque é que é sempre atractiva? Porque é que existe uma força?... Cada indivíduo faz N análises, incluindo as crianças e as avozinhas. N depende da criança e depende da avozinha. Acredito que quando for dado o "golpe de asa" na questão referida, N será maior do que a unidade para todos os indivíduos.

Quais os maiores obstáculos à mudança nas instituições científicas portuguesas?
O maior obstáculo é sempre o mesmo que a maior força motriz: as pessoas.

Ter de lutar para chegar ao topo é estimulante ou frustrante?
Se o montanhista souber parar nos patamares e apreciar a paisagem será, certamente, gratificante.

Defende a constância da velocidade da luz?
Prefiro ter uma atitude de a atacar e ver se ela se consegue defender. Para já tem-se defendido muito bem. Mas há brechas nas linhas defensivas.

O Universo tem notícia de nós?
Tem; mas normalmente atrasadas, devido à velocidade da luz ser finita...

Quando consegue abstrair-se das dependências sociais, o que resta do tempo?
As dependências sociais não nos "tiram" tempo; transformam-no. Podem restringir uma certa liberdade mas aumentam também a riqueza das nossas vidas.

Para ter optado pela sua área de investigação, certamente que já sonhou em explicar tudo. Como foi esse sonho?
Não, nunca sonhei em explicar tudo. Nem sequer sei o que isso significa. Mas já sonhei com compreender mais do que compreendo. Normalmente faço-o acordado e estimula-me a continuar.

Anteriores entrevistas:
Patrícia Beldade
Alexandre Correia
Isabel Palmeirim
J. Miguel Villas-Boas
Carlos Fiolhais

 
Editor
António Coxito
Produção
Ricardo Melo
Design
Luís Silva
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