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#02 | 11 Agosto 05
 

Professor Catedrático de Sistemas de Informação
Departamento de Engenharia Informática
IST

"Os meus interesses
Adoro a minha família, viajar, ler, ouvir música e estar no ambiente rural.
Tenho um "monte alentejano", perto da lindíssima e histórica vila do Crato, a 2 horas de Lisboa e a 30 minutos da fronteira espanhola. O monte é flanqueado por duas ribeiras, tem oliveiras e sobreiros e um complexo de edifícios, para além da habitação principal, que constituem funcionalmente uma micro aldeia, capaz de se auto sustentar, nos tempos antigos, durante longos períodos.
O Alentejo constitui indiscutivelmente uma das regiões mais belas do nosso País. Tem certamente o melhor vinho tinto do Mundo. O Crato, no Nordeste Alentejano, insere-se numa zona variada e cheia de atractivos diversos e únicos, tais como Portalegre, o Parque Natural da Serra de S. Mamede, Castelo de Vide e Marvão, as recentemente descobertas ruínas da cidade romana de Amaia, Alter do Chão e a Coudelaria dos cavalos lusitanos e o Castelo de Flor da Rosa, com a sua Pousada."

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José Tribolet
“A Vida é imparável.”

Se o país pudesse parar um ano para pensar, o que é que lhe aconselharia a fazer durante esse período?
- Refundar intelectualmente Portugal, tendo a coragem de :
1º - Definir, a partir de uma base zero, qual a Mais Valia da existência do País, como Estado independente, neste mundo globalizado, competitivo e complexo. Sem medo enfrentarmos o desafio de clarificar se há e quais são as razões colectivas pelas quais nós - os cidadãos de hoje, novos e velhos, queremos continuar a SER PORTUGAL, sem que isso decorra de uma fatalidade histórica herdada dos nossos Avós. Enfim, darmo-nos a oportunidade de fazermos psicanálise colectiva para encontrarmos caminhos para sairmos do fatalismo em que vivemos, que nos impõe a condição de portugueses como um castigo, e não como uma opção de Homens Livres.
2º - Definir, a partir de uma base zero, o papel do Estado e da Administração Pública, central e local, na nossa Sociedade, formulando esse papel a partir dos outputs - isto é, os produtos e os serviços - o que colectivamente queremos atribuir ao Estado e à nossa Administração Pública. Afinal, nós somos todos accionistas desta sociedade chamada Portugal e o Estado deve ser aquilo que a gente quer e não é o País que deve ser o que o Estado quer!
3º - A partir da definição do papel do Estado - em termos do que ele FAZ para cada um de nós e para a nossa Sociedade nacional, clarificarmos quais os processos - entendidos como sequencias de actividades que devem ser seguidos para produzir esse produtos e serviços e, nesse âmbito, quais as actividades que têm de ser exercidas por agentes do Estado/AP, e quais as que não têm de ser e /ou não devem mesmo ser exercidas pelo Estado/AP.
- Que ano bem passado e proveitoso para o nosso futuro seria este, em que refundávamos Portugal! Que bem precisa coitado!
PS: Eu acho que vale a pena existir Portugal. Mas toda a gente tem medo de pensar livremente sobre isto? Porque será?

Se todos formos líderes, o que é que acontece às hierarquias?
Cada pessoa tem capacidade para ser líder em algum domínio! Cada um de nós deve prosseguir a sua excelência, em competição consigo próprio.
As hierarquias exercem-se noutro plano, organizando os processos de tomada de decisão, no contexto de processos, organizações e problemáticas complexas.
Liderança é excelência relativa no exercício de uma capacidade particular, num determinado domínio de acção. Um verdadeiro líder ambiciona estar rodeado de uma plêiade diversa de competências e valências, exercidas pelos respectivos lideres.
Sonho com um Portugal de 10 milhões de lideres. Todos iguais e todos diferentes. E com um Portugal com hierarquias competentes para comandarem organizacionalmente os processos criadores de mais valia económica, social e cultural, essenciais à nossa vida individual e colectiva.

Quão profunda tem de ser uma crise para se inverter o sentido?
Muito mais profunda que a actual infelizmente. Normalmente o bicho homem só inverte o sentido quando vê a sua (dele!) VIDA em risco. Isso sucede com as guerras e as grandes catástrofes naturais... Mas em Portugal, a crise ainda não impede a gente de comer e beber e ter bom solzinho, e ler o jornal, etc...
Não estamos prestes a inverter o sentido. A crise que temos não transmite a cada um de nós risco de nossa vida como indivduos. Portanto, a crise é dos outros...

O caminho é “agir já”, “pensar o futuro a curto prazo” ou visionarismo?
Não há O CAMINHO! Há caminhos e eles estão sendo trilhados para o bem e para o mal, com grande diversidade. Há muita coisa a mudar em Portugal, para melhor. A VIDA é irreprimível e caótica, e nesse sentido há muita coisa boa a acontecer. Há muita "acção já" que decorre dos interesses individuais e de pequenas colectividades e que estão a traçar os caminhos do futuro. Xiú...! Sem que "As hierarquias saibam", felizmente.
Fazem falta visionarismos, debate de ideias e projectos, não comprometidos, não demagógicos, não instrumentalizados! Fazem falta líderes visionários, "think tanks", enfim, todo um espaço de animação intelectual para além da mesquinhez da politica dos politicos, que sendo essencial não se devia confundir, nem ocupar este precioso espaço das utopias dinamizadoras.
Mas a paróquia é pequenina, os media muito grandes e dominadores, na sua chatice tão previsiível e que o povão tanto gosta. Por isso, as moscas mudam, mas a --- continua.

Quais são as traves estruturais da mediocridade?
1. Pensar que os outros nos devem alguma coisa e têm a obrigação de nos servir.
2. Sermos menos exigentes connosco do que para com os outros.
3. Não acreditarmos na educação da mente e do corpo, desprezarmos os nossos jovens.
4. Não acreditarmos no valor do conhecimento adquirido, desprezarmos os nossos velhos.
5. Não acreditarmos na Natureza, desprezarmos os nossos recursos naturais e a nossa saúde.
6. Não acreditarmos na nossa capacidade colectiva, desprezarmos as regras, a disciplina, a autoridade.
7. Não nos guiarmos por códigos de conduta ética e moral, prezando a honra, a lealdade, a competência, o sacrifício, a solidariedade, a responsabilidade, o civismo.
8. Consideramos normal aldrabar, tudo e todos. E a nós próprios!

Acredita que este país pode mudar?
Sim! Porque a Vida é imparável. E as condições de mudança, para melhor, vão acontecendo, com o progresso da educação, a abertura ao exterior, a observação dos Outros, e a constatação progressiva do falhanço dos velhos paradigmas que já não são adequados à construção do nosso Futuro.
Mas a mudança irá provavelmente acontecer - como é normal na Natureza - com Crise, Sofrimento, Destruição.
Mas vai mudar!
A questão é se vamos ficar apenas abaixo de Marrocos, ou se o País se desloca mesmo para o Golfo da Guiné!

 
 
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Helder Coelho
 
Editor
António Coxito
Produção
Ricardo Melo
Design
Luís Silva
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