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#14| 31 Outubro 05
 

Nasceu a 19 de Julho de 1951 no lugar do Roxo, freguesia de Lorvão, concelho de Penacova. Depois da instrução primária foi pastor, agricultor, operário e apaixonou-se pela escultura. Aos 20 anos recomeçou a estudar, à noite, fez o 1º ciclo num ano, continuou depois os estudos durante os 30 meses de serviço militar e a vida de operário. Licenciou-se em Engenharia Cerâmica e do Vidro pela Universidade de Aveiro no ano de 1982, e obteve o grau de doutor em 1993. Actualmente é Professor Associado com Agregação e lecciona no Departamento de Engenharia Cerâmica e do Vidro da Universidade de Aveiro. É investigador do CICECO (Centro de Investigação em Materiais Cerâmicos e Compósitos).

Recebeu o Prémio “Estímulo à Excelência 2005”; atribuído pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

As técnicas de processamento de materiais estão no centro dos seus interesses científicos. Desenvolve trabalho de investigação na área dos cerâmicos estruturais avançados, biomateriais, cerâmicos tradicionais, incluindo estudos de incorporação de diversos resíduos industriais em pastas cerâmicas.
Publicou cerca de duas centenas de artigos em revistas do SCI e registou 11 patentes. É Referee de mais de 2 dezenas de revistas internacionais.

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José Maria da Fonte Ferreira
“As hierarquias devem encarar as lideranças naturais como uma mais valia.”

Ainda há lugar para uma concepção vitoriana de “inventor”?
Eu acho que em todas as organizações, a “força motriz” para a inovação direccionada assenta em dois pilares essenciais:
1- Na capacidade de identificação de problemas concretos que importa resolver, ou de objectivos alvo a atingir, supostamente ambiciosos e desafiadores do engenho humano;
2- Considerando que o conhecimento é cada vez mais diversificado, rápidos progressos na superação do estado da arte só são possíveis com base em equipas multidisciplinares.
Assim, é essencial criar, e manter aceso, um espírito de equipa, abolir as alfândegas ao fluxo da informação e, sobretudo, promover um debate franco de ideias, acabar com o preconceito idiota de que as ideias são privilégio só de alguns “iluminados” e ter atitude aberta e disponibilidade para considerar outras opiniões.
As lideranças das ideias e dos projectos devem surgir naturalmente desses debates e as hierarquias devem encarar essas lideranças naturais como uma mais valia e não como uma potencial ameaça, e aprender a geri-las e a conviver com elas. Que caia a máscara de democraticidade que emprestam a certos actos de tomada de decisão (muitas vezes auto benéfica) e adoptem-se critérios claros, sensatos e credíveis que possam perdurar por longos períodos. Se as hierarquias não forem capazes de exercícios tão simples como estes, então demitam-se para o bem de todos.
A criação de climas propícios à inovação faz com que nas sociedades mais desenvolvidas a actividade inventiva ocorra nos dias de hoje a velocidades estonteantes, frequentemente através de saltos incrementais resultantes da recombinação dos conhecimentos científicos e técnicos existentes, outras vezes através de verdadeiros saltos qualitativos resultantes de novas concepções de processos ou de produtos. Nesta perspectiva, nas sociedades mais desenvolvidas já quase não há lugar para o inventor individual, a não ser que seja mesmo genial.
Em Portugal tem faltado a capacidade de identificar os problemas, de apontar metas ambiciosas mas realistas, e de definir estratégias para as atingir. Falta vontade, atitude e comprometimento por parte dos vários actores sociais, começando muitas vezes pelas hierarquias, especialmente quando o posto é encarado como um objectivo em si mesmo e não como um meio para alcançar objectivos mais ambiciosos, ou deixando aos súbditos mais criativos essas tarefas e o ónus de, sem bússola, descobrirem o rumo do desenvolvimento, salvarem a honra da tripulação e acrescentarem umas estrelas às condecorações dos comandantes.
A “interdisciplinaridade” continua a ser letra morta, apesar de ter sido defendida, pelas partes interessadas, como pedra basilar para a criação de algumas unidades de investigação de maior massa crítica, e de ter sido “decretada” pela FCT como condição para o seu financiamento. A maioria dos investigadores é excluída do debate, se é que algum debate existe. As decisões são tomadas por minorias de “iluminados” que, sem outras considerações, decidem em proveito próprio. Num clima assim, o indivíduo constitui muitas vezes o último reduto da actividade inventiva, tarefa extenuante, podendo faltar o folgo e as condições para se chegar a soluções de comercialização, qual náufrago que acaba por morrer na praia.

Em que é que a indústria cerâmica pode ser inovadora?
Os produtos cerâmicos podem ser divididos em dois grandes grupos: os cerâmicos tradicionais, e os cerâmicos avançados. O primeiro grupo inclui variados tipos de cerâmicos argilosos, e a inovação nesta área ao longo das últimas décadas tem sido notável, tanto ao nível dos processos como dos produtos e do design. O pavimento e o revestimento são casos paradigmáticos de inovação permanente. Esta tendência já chegou ao sector dos sanitários, especialmente em termos de design e de processos de fabrico mais eficientes. Todos os anos se realizam feiras internacionais ou mesmo mundiais onde são apresentadas as últimas novidades de produtos, decorações, equipamentos. Os italianos ainda são, porventura, os mais criativos mas, mesmo em Portugal, já se encontram indústrias muito agressivas em termos de inovação. A indústria cerâmica em Portugal evoluiu muito com a entrada dos engenheiros cerâmicos formados na Universidade de Aveiro. Contudo, apesar de toda esta actividade inovadora, as indústrias cerâmicas tradicionais atravessam hoje grandes dificuldades derivadas dos fenómenos de globalização e do custo crescente da energia. Neste meio altamente competitivo, a inovação é mesmo uma questão de sobrevivência e as empresas que não forem capazes de inovar rapidamente desaparecerão do mercado.
Nesta área é também possível inovar ao nível dos conceitos. A problemática ambiental relacionada com a crescente acumulação de resíduos industriais coloca novos desafios que a indústria cerâmica tradicional pode e deve ajudar a resolver. O Departamento de Engenharia Cerâmica e do Vidro da Universidade de Aveiro, CICECO, tem vindo a responder a estes desafios e a propor soluções tecnológicas muito inovadoras através da incorporação de diversos resíduos inertes (cacos cerâmicos, e outros resíduos derivados da indústria cerâmica, lamas derivadas do corte de rochas naturais e ornamentais, refractários, lamas derivadas de tratamentos de superfície de metais, etc.) em formulações cerâmicas, muitas vezes como componentes maioritários, contribuindo assim de forma significativa para a preservação de recursos naturais não renováveis (as matérias primas), limpar o meio ambiente e poupar energia através do abaixamento das temperaturas de cozedura. Tudo isto tem sido possível sem baixar, e muitas vezes mesmo melhorando, a qualidade final dos produtos, ou permitindo a concepção de novos produtos baseados em resíduos. O uso inteligente de alguns resíduos contaminados com óxidos de metais de transição, permite aumentar a palete de cores oferecidas ao mercado e substituir alguns corantes (os componentes mais caros) em pastas de pavimento e revestimento, incluindo as de grés porcelânico. Algumas soluções estão a ser transferidas para a indústria. A viabilidade de incorporar até cerca de 50% de caco de porcelana vidrado em pastas de porcelana já foi demonstrada com muito sucesso, e nem os maiores peritos nesta área específica foram até agora capazes de distinguir entre peças feitas com a pasta virgem e peças contendo caco reciclado.
No campo dos cerâmicos avançados a evolução associada aos materiais e às tecnologias tem sofrido uma aceleração muito rápida nas últimas décadas. O exemplo mais óbvio é o dos materiais destinados à microelectrónica, como os transístores simples. As velocidades de desenvolvimento associadas a novos materiais e a tecnologias de processamento têm sido estonteantes, ditadas pela forte tendência para a miniaturização dos componentes e dos dispositivos. A este propósito, D.A. Taylor (Materials Australia, Vol. 33, No. 1, pp. 20-22 January/February 2001) refere que se a indústria automóvel tivesse tido um desenvolvimento tão acelerado como a indústria dos computadores, os carros hoje deveriam ser capazes de percorrer milhares de quilómetros com um litro de gasolina, e não deveria custar mais do que 25 dólares americanos.
Os maiores avanços em toda a história da humanidade em termos de materiais cerâmicos ocorreram no século 20, a par de avanços paralelos na área da metalurgia, numa busca constante de processos mais rápidos e eficientes e de menor custo ou mais amigos do ambiente. Os requisitos são cada vez mais exigentes, devendo os materiais ser capazes de operar a temperaturas ou velocidades cada vez mais elevadas, ter tempos de vida útil mais longos, requerer menores custos de manutenção, etc. Dada a natureza frágil dos cerâmicos, a inovação nesta área têm-se centrado no desenvolvimento de técnicas de processamento avançadas e do equipamento para os produzir, dando ênfase especial ao desenho da microestrutura (redução do número e do tamanho dos defeitos, do tamanho de grão – exemplo, nanomateriais). Por vezes a combinação adequada de diferentes materiais pode apresentar melhor desempenho, justificando o desenvolvimento de materiais compósitos. O Space Shuttle é um exemplo típico de uma boa aplicação de materiais avançados.
O Departamento de Engenharia Cerâmica e do Vidro da Universidade de Aveiro, CICECO, é já uma referência internacional na área de materiais diversos. Na área do processamento avançado de materiais cerâmicos e compósitos, o grupo de investigação que lidero fez alguns dos maiores avanços na superação do estado da arte ao nível mundial. Um exemplo disso é o processamento do nitreto de alumínio (AlN) em meio aquoso, cujos maiores desafios consistiram em inibir as reacções de hidrólise entre a superfície das partículas de AlN e a água e, simultaneamente, conseguir elevados graus de dispersão das partículas. Os corpos de AlN podem ser conformados por técnicas por via húmida ou por prensagem a seco de pós granulados a partir das suspensões aquosas. A homogeneidade dos corpos em verde é tal que a sinterização (cozedura) pode ser feita a temperaturas cerca de 150ºC inferiores às tradicionalmente usadas em corpos processados a partir de meios orgânicos, os quais têm os inconvenientes de serem caros, poluentes, e de colocarem sérios riscos de saúde e segurança no trabalho. Outro exemplo interessante foi o desenvolvimento de cerâmicos de α-SiAlON reforçados in situ com grãos alongados por sinterização sem pressão aplicada, com valores de tenacidade à fractura semelhantes ao da fase ß-SiAlON (dureza de 15-16 GPa), mas com os valores de dureza típicos da fase α (20-22 GPa).
A área dos biomateriais para implantes e engenharia de tecidos (biocerâmicos, biovidros, materiais híbridos) densos ou com “porosidade feita por medida” é outra área em que temos feito progressos muito interessantes em termos de desenvolvimento de novas composições e de técnicas de processamento emergentes. Uma nova empresa (ÁgoraMat) na área dos biomateriais foi criada com pessoas do meu grupo de investigação para responder a necessidades actuais do mercado, e para desenvolver novos produtos. Está também em preparação um projecto Neotec que pretende explorar uma técnica nova de processamento de materiais cerâmicos ou metálicos a partir de suspensões de pós. Trata-se de uma técnica limpa e verdadeiramente revolucionária, capaz de conformar componentes de formas complexas e de dimensões variáveis, incluindo grandes dimensões, para as quais as tecnologias actuais não têm resposta.

Em que áreas é que Portugal poderia ser tão bom ou melhor do que os outros países?
Eu não tenho uma visão muito clara acerca do panorama nacional em todos os domínios científicos. Essa não tem sido a minha ocupação, pelo que tenho alguma dificuldade em responder por áreas com as quais não estou suficientemente familiarizado. Há, contudo, quem já tenha feito esse tipo de levantamentos. Por exemplo, o capítulo terceiro do Ciência Outlook 2004 Rumo à Sociedade do Conhecimento (de Alexandre Caldas, Cremilde Santos, Joana Leal, Manuel Silva, Paulo Carrasqueira e Susana Jorge) considera cinco áreas de Ciência e Excelência em Portugal (Ciências e Tecnologias do Mar, as Ciências da Saúde, as Ciências e Tecnologias do Ambiente, a Biotecnologia e Genética Molecular e as Tecnologias da Informação e Comunicação) as quais, segundo os autores, poderiam constituir apostas estratégicas a fazer de forma a tornar Portugal competitivo à escala internacional. A área dos materiais não é ali referida, mas é obviamente uma outra área de importância estratégica. Sem pretender excluir outras ideias potencialmente interessantes que certamente existem ao nível nacional na área dos materiais, mas tão somente servir-me do exemplo dado na resposta à pergunta anterior (técnica de conformação de materiais cerâmicos ou metálicos limpa e verdadeiramente revolucionária), eu não teria dúvidas em tornar esta ideia num grande projecto nacional se eu tivesse o ónus de decidir acerca de apostas estratégicas para Portugal. A transformação desta ideia num projecto tornará a moldagem por injecção tradicional completamente obsoleta e abrirá novas fronteiras para o desenvolvimento tecnológico.
De acordo com projecções feitas, o mercado global dos produtos metálicos conformados por moldagem por injecção terá um crescimento de cerca de 8,4% ao ano desde 382 milhões de dólares americanos em 2004 para cerca de 571 milhões de dólares no ano de 2009. O mesmo relatório refere que o mercado Japonês será aquele com a maior taxa de crescimento (10.6%), devendo atingir um valor de 185 milhões de dólares em 2009. O mercado americano tem um crescimento previsto de 7.2% ao ano devendo atingir os 240 milhões de dólares em 2009. Os mercados do resto da Ásia (incluindo a China) e da Europa crescerão a uma taxa de 7.9% ao ano, atingindo valores de 35 e de 111 milhões de dólares em 2009, respectivamente.
Outra fonte estima um valor de 2.3 biliões de dólares para o Mercado Norte Americano de cerâmicos estruturais avançados em 2005, o qual deverá crescer a uma taxa de cerca de 5.8% ao ano, atingindo cerca de 3 biliões de dólares em 2010.
Estes dados mostram que o potencial desta ideia é enorme e que um projecto destes poderia estar para Portugal como a Nokia está para os países Escandinavos.

Que características individuais garantem um bom desempenho nos domínios da Tecnologia e Inovação?
Um bom desempenho nos domínios da Tecnologia e Inovação é melhor conseguido com uma boa equipa do que individualmente. As valências necessárias são de ordem tão variada (Ciência dos Materiais, Engenharia, Design, Moldelação, Gestão Administrativa, Marketing, Gestão de Pessoal, etc.) que dificilmente se encontram reunidas num só indivíduo, embora alguns indivíduos mais dotados possam reunir um bom compromisso entre todas elas. O bom êxito depende obviamente das características individuais e incluem: curiosidade, espírito de observação, gosto pela mudança, nunca encarar as coisas como definitivas, o gosto pela experimentação, a capacidade de combinar ideias, visão de longo prazo e capacidade de antecipação, uma certa dose de anarquia, capacidade de sonhar, de gostar das outras pessoas e de desafiar o status quo, etc.. Tratando-se de uma equipa, os membros devem ter formações distintas mas complementares, serem capazes de discutir objectivos, de avaliar o potencial de ideias novas, terem um bom relacionamento pessoal e uma boa liderança, e tomarem decisões consentâneas com os objectivos a atingir. O debate de ideias num clima propício é a chave do sucesso.

Quais os critérios que deviam prevalecer na avaliação de trabalhos para prémios de investigação?
O importante na atribuição de prémios de investigação é que os critérios sejam claros, de algum modo mensuráveis ou quantificáveis, sejam estabelecidos a priori e procurem distinguir pela positiva. O prémio de Estímulo à Excelência da FCT está de acordo com esta filosofia, sendo, por isso de louvar. É um exemplo que deveria ser mais generalizado para estimular o desempenho dos cidadãos nos diversos sectores de actividade. A falta de métricas e a igualização por baixo conduzem a desempenhos medíocres e a uma cultura de laxismo. Quando todos recebem exactamente o mesmo em termos de salário ou de reconhecimento público, muitos interrogam-se porque é que se hão-de esforçar mais do que outros?
Na vida académica e no mundo da investigação, a existência de métricas credíveis seria essencial não só para estimular o desempenho nas suas várias vertentes (ensino, investigação, transferência tecnológica) mas também para disciplinar a progressão na carreira, actualmente muito dependente de um poder discricionário e obscurantista, o qual é um dos factores de maior perturbação e de descrédito no sistema.
Tanto quanto é do meu conhecimento, em Portugal a vertente da transferência tecnológica não é normalmente tida em conta na avaliação do desempenho dos investigadores. Este é um sinal completamente errado! O conhecimento é publicado na literatura aberta e, se tiver viabilidade de comercialização, será cuidadosamente estudado, convenientemente modificado, patenteado e explorado nos países mais desenvolvidos, sem nenhum retorno directo para Portugal. Não se pode continuar a pedir aos contribuintes Portugueses que paguem os custos de projectos de investigação, descurando os aspectos da exploração em Portugal dos resultados desses estudos. É isso que cria empregos e riqueza. Por isso, é urgente que esses critérios de avaliação do desempenho se alterem rapidamente e que à transferência de tecnologia seja dada a importância que merece.

Qual a influência da ética chinesa na sua concepção da Vida? (“Se não sabemos para onde vamos, todos os ventos são favoráveis”; “Um mapa de nada nos servirá, se não sabemos para onde queremos ir”.)
Estes ditados chineses encerram uma grande sabedoria, e significam que sem estratégia não se chega a lado nenhum. Os chineses são muito pragmáticos. A sua estratégia de se tornarem numa das maiores potências económicas ao nível mundial, foi definida há algumas décadas e tem vindo a sofrer alguns reajustamentos. O crescimento anual da economia chinesa cifra-se nos dois dígitos e com o fenómeno da globalização a economia Europeia (e não só) sente-se deveras ameaçada e tenta sobreviver e fazer face a esta situação com medidas paliativas. Ora a China com um número de habitantes cerca de 130 vezes superior ao de Portugal e com uma área territorial cerca de 108 vezes superior à nossa, é certamente um país mais difícil de governar do que Portugal. Por outro lado, os países nórdicos com uma densidade populacional mais baixa, têm que enfrentar a dureza do clima, e estão entre os países mais desenvolvidos. Portanto, nós os portugueses estamos nesta situação porque queremos, porque ainda não decidimos mudar, porque colectivamente somos muito preguiçosos, e porque D. Sebastião ficou de vir numa manhã de nevoeiro e ainda não deu as caras.
A definição de uma estratégia nacional não se faz com uma varinha mágica em épocas eleitorais. É preciso querer realmente mudar as coisas, e isso pode ser meio caminho andado. O governo precisa de uma boa capacidade de liderança para promover e animar um debate sério e honesto entre todas as forças vivas da sociedade, o qual deve ir impregnando os vários níveis de organização social. Todos os cidadãos devem ser mobilizados para os grandes desígnios nacionais. Os partidos políticos devem dar o exemplo, contribuindo para o estabelecimento de pactos de regime para as grandes questões nacionais. Esta mudança de atitudes criará a ambiência propícia a um aumento da auto-estima e da disciplina nas relações interpessoais e entre os cidadãos e as instituições.
É importante que à frente das instituições sejam colocados profissional tecnicamente competentes. A Agência de Inovação tem sido um bom exemplo disso. O Professor Doutor Borges Gouveia da Universidade de Aveiro, enquanto Director da Agência de Inovação, imprimiu-lhe uma dinâmica muito interessante. Por isso a sua substituição naquele cargo não foi bem percebida nos meios académicos e científicos. É desejável que as boas práticas continuem e que a equipa que vier a seguir faça mais e melhor, se possível. O Primeiro Ministro semeou o discurso da esperança durante a campanha para as legislativas, e prometeu um choque tecnológico. Ficamos à espera que as promessas se concretizem e que os Portugueses decidam de uma vez por todas tomar o destino em suas mãos. Finalmente, é necessário apostar em sectores que apresentem maior potencial de crescimento, de criação de riqueza e bem estar social.

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