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#01 | 04 Agosto 05
 

Professor Catedrático da Universidade de Lisboa no Departamento de Informática da Faculdade de Ciências (FCUL), desde Agosto de 1995, e Membro Efectivo da Academia de Engenharia desde Dezembro de 1999. ECCAI fellow desde 2002.

Interesses de investigação :
Ciências da Complexidade
Inteligência Artificial Distribuída e Sistemas Multi-Agentes: Modelos e Arquitecturas
Engenharia do Conhecimento
Gestão do Conhecimento
Computação Baseada em Agentes

É autor e co-autor de mais de 25 livros, os últimos dos quais “Prolog by Example” na Springer-Verlag em 1988, "Inteligência Artificial" na Editorial Caminho em 1991, "Simulating Societies" na The University of Cambridge Library Press em 1994, "A Inteligência Artificial em 25 Lições" na Fundação Calouste Gulbenkian, na sua série de manuais universitários, Sonho e Razão, Ao Lado do Artificial" na Relógio d Água (2ª edição) em 1999, e mais de 400 artigos.

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Helder Coelho
“Quanto mais difícil for o objectivo desejado, maior é o desafio proposto e a sedução envolvida no embate.”

“What I am saying, I don´t think of a plot and then put characters in it.
I start with different characters and see where they take me.”
Elmore Leonard, in Be Cool, 1999.

Porquê essa “Atracção Irressistível pela Complexidade”?
Do mesmo modo que o Leonard, a minha investigação começa na procura de agentes com qualidades, personalidades e vontades de transformarem o mundo que os cerca. Cada um desses agentes pertence a uma multitude, encarregue de montar um plano de acção com sentidos vários, para enfrentar o complexo. Os agentes estabelecem aliados, erguem redes de conhecimento, e tecem ainda redes de relações. Deste caldo emergem novas ideias que são postas à prova e disparam percursos sinuosos de descobertas futuras. A linha invisível que cerca os saberes (leia-se disciplinas científicas) está algures à beira do desconhecido, operando como atractor irrecusável para um explorador persistente e disciplinado. A busca de novos conhecimentos é uma partida universal para um cientista comum, e uma motivação extra e permanente para qualquer viajante curioso. Quanto mais difícil for o objectivo desejado, maior é o desafio proposto e a sedução envolvida no embate. Ligar não é suficiente, e quanto mais fundo for a indagação, melhor o prazer de chegar à meta.

Qual a mais-valia da actividade artística no processo de descoberta dos mecanismos da inteligência?
Surpreendentemente alta. Qualquer descoberta dos nossos mecanismos funciona como activador positivo de novas explorações já guiadas por esses bocados de conhecimento. O exercício realizado, na Califórnia pelo robô pintor Aaron de Cohen leva-nos a reflectir sobre os processos associados às nossas escolhas quotidianas.

Temos razão quando sonhamos?
Não existe carta de navegação para os sonhos. Apenas impulsos, inclinações, obsessões, tal como na criação artística. Após a partida, o sujeito é levado por padrões, num voo alto e contemplativo, tal como o de uma águia. E, facilmente, chega à conclusão que as melhores ideias não são aquelas que temos, nem aquelas que damos, mas as que suscitamos.

Como se pode ser individualista e benevolente ao mesmo tempo?
Os lados pegam-se, como as dobras com cola de um envelope. Por um lado, o esforço individual guia, matizando o espaço de trabalho. E, por outro lado, cada indivíduo ao falar alto empurra o colectivo para novas explorações. A benevolência com o companheiro viajante apenas o ajuda a sair dos impasses e a ganhar confiança para atravessar as águas agitadas, onde as turbulências são frequentes e as dificuldades imensas. A solidariedade em ciência é boa conselheira e uma ajuda indispensável para o progresso, o qual depende também do ambiente do grupo. As inovações jorram quando as interacções são frequentes e as redes sociais estáveis.

Acha possível um dia uma máquina reproduzir o raciocínio humano?
Depende do que consideramos ser esse raciocínio. Não existe um, mas uma grande diversidade de tipos. E, as máquinas, emulam já muitos desses tipos, como por exemplo os dedutivos, os indutivos, os abdutivos, os analógicos, ou os baseados em casos. A intuição oferece ainda dificuldades para ser reproduzida, mas estou convicto que essa zona de complexidade será dominada. A criação artística era também invicta! Prova-se que não existem zonas fechadas.

É possível a inovação sem a divergência?
É. Se só houvesse divergência, não haviam interacções, amalgamentos ou fusões. A vida constrói-se ora com convergências ou divergências, e da tensão dialéctica entre estes opostos emergem sulcos, rasgões fortes. A criatividade, sempre a contra-vapor, empurra e arranha a realidade, impedindo a sua solidificação.

Editor
António Coxito
Produção
Ricardo Melo
Design
Luís Silva
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